VIVEIROS DE OLIVEIRAS

PAULO SOARES LOPES

Viveirista e Olivicultor

 

slviveiro@gmail.com

 

 

 

A Poda

Antes de podar devemos ter a certeza de que o nosso material está em bom estado. Quer dizer; desinfectado e afiado.

A desinfecção é muito importante para evitarmos a propagação de doenças, as tesouras e serrotes devem ser lavados com cuidado. Quando estamos em zonas mais infectadas " por ex. tuberculose" a desinfecção deve ser de cada vez que mudamos de árvore. O material deve ser mergulhado numa solução desinfectante. formol comercial a 4 % (formalina), ou numa solução de lixívia ( 1l de lixívia para 2l de água). O corte deve ser uns cm abaixo da doença visível.

Atenção a rama de poda doente deve ser queimada o mais rapidamente possível e não guardada para levar para casa ou destroçada com máquina.

A lâmina deve estar afiada para que o corte seja o mais limpo possível e liso.

Poda de Formação

Em condições normais de luz, uma árvore cresce naturalmente na vertical e até determinada altura, dependendo da espécie, se não for contrariada, pelo vento ou por outros factores como a mão do homem. 

Todos conhecemos as Oliveiras antigas tradicionais em que sobre um imponente pé de 2,5m de altura se apresenta uma copa cheia de vigor. Isto é o normal do crescimento para a árvore adulta, mas não é com certeza o que se pretende para que seja mais rentável. Assim é necessário introduzir a Poda de formação e mais tarde as podas de limpeza e manutenção. Todos compreendemos que não vale a pena estarmos a criar madeira se o que pretendemos é folhas, ramos produtivos e azeitonas.

O que nós queremos é ter copas com uma grande exposição ao Sol, que tenha renovo produtivo, que não seja demasiado alta para que os tratamentos cheguem a todas as folhas e frutos e que não seja demasiado cara a colheita.

Convém que a árvore seja mantida atada ao tutor de modo a manter a verticalidade. A Oliveira vai crescendo tanto em altura como em volume, adquirindo cada vez mais área de exposição Solar.

É fundamental pensamos que a Oliveira vai durar muitos anos. a colheita vai continuar a ser efectuada por outras gerações. Deveremos pensar na colheita mecânica. Então o pé deve ter altura que baste para que uma pinça mecânica o vibre. 

É considerado um pé suficiente, com cerca de 80 ou 100cm. A esta altura já pode entrar uma máquina vibradora e agarra-lo. Portanto vamos cortar a árvore a esta altura sobre uma divisão com dois ou três ramos. São estes os ramos que formarão a forqueta que suporta a copa da árvore. É daqui que sairão os ramos produtivos no futuro.

Eu não podo antes dos dois, três anos ou mais. Muitas vezes a oliveira já produz alguma azeitona. Deverá ter uma forma bem arredondada, "cheia", bem composta, deverão ver-se os futuros ramos da divisão, bem definidos, e muito importante, eles devem ser já grossos o suficiente, lenhosos, para que não sejam "tentados" a ganhar verticalidade. Isto consegue-se mantendo durante os primeiros anos alguma rama dentro da oliveira, é este ensombramento que faz com que os ramos abram procurando luz, só temos de esperar que lenhifiquem.

Atenção as plantas regadas; são sempre mais macias do que as de sequeiro, normalmente são mais adubadas, além de crescerem mais depressa, também são mais tenras. Há que ter em atenção estes factores.

A árvore fica assim com um único corte mais um ou dois anos. Já produz azeitona. Nesta altura é só despontar os ramos que estão a crescer demasiado, limpar os "ladrões" ou "chupões" que são os ramos que crescem no interior e na vertical e tiram força aos produtivos. Devemos saber que todos os cortes devam ser efectuados com a maior precisão possível, bem assentes e inclinados para que escorra a água da chuva. O ideal seria serem desinfectados. Desinfectar as grandes superfícies de corte com uma pasta de calda bordalesa, 1kg de sulfato de cobre, 2kg de cal viva e 5l de água; A Oliveira não deve estar muito cheia de rama deve haver arejamento. Muito cheia facilita a existência da Cochonilha e a consequente Fumagina.

Agora a nossa Oliveira já produz. Passaram-se uns anos, tem sido adubada, mediante as análises de terra e de folhas. Quando a produção baixar e quando se verifique falta de crescimentos, quando a planta já toca na vizinha ou quando já está à sombra de outra, há que efectuar poda de renovo.

     Poda de Renovo

A Poda de Renovo, como o nome indica, serve para renovar a zona produtiva da Oliveira.

As flores aparecem normalmente nos ramos crescidos no ano anterior, dependendo das variedades, mas sempre nos raminhos recentes. Assim temos de ter raminhos novos. Não devemos parti-los no varejamento, por ex. 

A nossa poda de renovo deve ser efectuada em fases. Não me parece bem efectua-la num só ano. Perdemos produção durante bastante tempo.

Como a nossa forqueta tem três ou quatro ramos principais, vamos cortar um deles. Cortar com o comprimento máximo de 50-70cm, conforme a planta se é pequena ou  grande. Mas o ramo que vamos cortar deve ficar num quadrante a Sul, para que nunca fique à sombra dos outros. É assim que se consegue que a nova rebentação cresça bem, com luz.

Em redor do corte vão aparecer novos "olhos", rebentação nova, aparecerá um feixe de ramos em muitos casos em todo o tronco. Deixamos crescer o suficiente para serem seleccionados. Esta selecção deve ser efectuada, alguns mostram que são mais fortes que outros e são estes últimos que se tiram, cabe ao agricultor ser um pouco crítico e calcular a quantidade que fica. Já tem experiência de uns anos.

Normalmente com dois anos já dizem o que valem e está na altura de cortar outra pernada. Aquela que não ficar à sombra dos outros ramos. Procedemos de igual forma, para a/as outra/s.

Atenção com a poda com serrote ou serras mecânicas, muitas vezes o ramo lasca e parte, deve ser efectuado sempre um corte por debaixo para prevenir que este estale.

Tenho encontrado Oliveiras que decorridos 10 anos se entrecruzam, metendo os ramos por dentro umas das outras. Tem a haver com o compasso, o terreno, a variedade, a adubação, rega e cuidados vários. Cada variedade tem um volume próprio em adulto. Se quisermos alterá-lo teremos algumas dificuldades a ultrapassar. Por isso é que só algumas variedades se adaptam a olivais superintensivos, são variedades com características próprias.

Quando nos metemos debaixo da Oliveira, olhamos para cima e vemos muita rama, muito pau e as folhas só de volta no topo, alguma coisa está mal. Há que podar sem dó.

 

Uma coisa é certa as flores aparecem em ramos novos e com muita luz.

     Ainda há outra poda, a de recuperação de árvores velhas, nela falaremos mais tarde.

 

 

 

 

 

 

 

 

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