VIVEIROS DE OLIVEIRAS

PAULO SOARES LOPES

Viveirista e Olivicultor

Teles +351 917342023

slviveiro@gmail.com

 

 

 

A PODA NA VARIEDADE GALEGA

 

A variedade Galega é a mais tradicional de todas as variedades. Aparece por todo o país e nos mais diversos compassos; mais apertados no norte e mais espaçados no Alentejo. São normalmente árvores de grande porte com troncos altos e muitas delas muito velhas.

Foram-se adaptando às diversas regiões, climas e solos, podendo apresentar diferenças na sua morfologia de tal maneira que segundo alguns autores haverão variedades identificadas com outros nomes que não serão mais do que Galegas. Esperemos que o tão falado projecto do genoma da oliveira venha a identificar sem dúvida aquela teoria.

O seu estudo começou à alguns anos, esteve parado, recomeçou e agora estuda-se a sua multiplicação por micro-propagação, em virtude de esta variedade ser muito difícil de multiplicar em estufas de enraizamento.

Antigamente o agricultor aproveitava estacas “tanchões” para fazer vedações, de madeira e mais recentemente com arame. Estas estacas eram espetadas no solo bem fundas com uma marreta, verificava-se que algumas delas dois ou mesmo três anos depois criavam raízes e tornando-se arvores. Terá sido assim que se multiplicou a variedade galega nos primeiros tempos. Alem disso o agricultor cedo percebeu que o Zambujo tinha grande afinidade genética com ele e começou a enxerta-lo.

No entanto a maioria destas oliveiras que se encontram pelo país fora tem troncos muito altos.

Este é um problema que os agricultores tem encontrado… “a Poda”.  A Galega tem um grande vigor. Embora não tenha grande “toiça” , apresenta uma grande resistência à adversidade do clima, resiste bem à seca e à humidade “segundo alguns autores”, neste aspecto quanto a mim, a Conserva de Elvas é melhor, é um bom cavalo para zonas encharcadas.

A Galega parece não necessitar de grandes cuidados para se desenvolver bem, não me refiro a produzir bem. A rebentação da Galega é abundante, com ramos muito rijos que, ao procurarem a verticalidade, ficam como que vassouras viradas para cima, todos amontoados.

Ora o que se procura nas plantações modernas é que a oliveira tenha um pé baixo, cerca de 80 a 90 cm, para que permita a colheita mecânica, e não um pé de 2 ou mais metros que dificultam a colheita. Assim a cruzeta deve ficar baixa, onde existir boa rebentação; o que se passa é que ao cortar o fuste à altura de 80cm a Galega reage de uma forma muito vigorosa e todos os ramos produzidos na ferida do corte, crescem para cima, ao invés de serem inclinados para abrirem a oliveira. De novo é necessário intervir, cortando para abrir. E eles voltam a crescer com a mesma vontade e na mesma direcção, para cima.

 Antigamente, como refiro na página da cultura da oliveira, a azeitona era colhida sobre escadas altíssimas, com varas, ou os ramos carregados de azeitona eram pura e simplesmente cortados para o chão, de onde era retirada a azeitona. Claro que estes ramos faziam falta para produzir nos anos seguintes, dando origem à “Safra e Contra Safra”. Depois a poda era feita quase que em “Cabeça de Salgueiro”, em que a oliveira ficava somente com meia dúzia de folhas em cima daquele tronco majestoso.

Por quê? Qual a razão desta técnica?

Será que alguém tem resposta?.

Eu penso que a resposta está nas características desta variedade.

O agricultor deve ter percebido que era mais fácil colher a azeitona cá em baixo, do que em cima de escadas de 8m…

Talvez este pé tão alto e vigoroso se devesse à grande personalidade da Galega, que primeiro tinha de gastar as energias num tronco alto e grosso, para que depois se deixasse dominar.

Diz-se que o Olival não era uma cultura de carácter principal, por aparecerem outras debaixo dele; batata, grão, feijão, trigo, etc. Talvez não tivesse sido assim… apareciam culturas debaixo porque havia espaço, que ao ser aproveitado, mobilizava a terra superficialmente, arejando-a e estrumando-a, e em compensação a oliveira reagia muito bem, com boas produções ano sim, ano não. Era o Dois em Um da época.

O azeite desde há muito, era um produto importante nas trocas comerciais com outros países, acredito pois que o agricultor se lhe dedicava e por isso acarinhava a oliveira.

Quanto a mim, a poda da Galega deve ser sempre mais tarde do que noutras variedades, deixar sempre três ou quatro anos sem podar, para que o centro da oliveira tenha muita rama e obrigue os ramos laterais a fugir da sombra e assim abrirem mais um pouco. Só devemos podar quando aqueles ramos estiverem suficientemente lenhificados e inclinados para não tenderem a voltar à posição vertical.

 

 

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